segunda-feira, 7 de outubro de 2013

1° Seminário Arquidiocesano de Promoção e Valorização da Vida

        
Seminário em Curitiba propôs conversa aberta sobre o  
início da vida 
No dia 6 de outubro, último domingo, o auditório da biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR foi o palco do 1° Seminário Arquidiocesano de Promoção e Valorização da Vida, organizado pela Arquidiocese de Curitiba. A proposta do seminário foi anunciar a cultura da vida e a criação humana como dom de Deus, em virtude da Semana Nacional da Vida, celebrada na primeira semana de outubro por toda a Igreja no Brasil.
Das 8h15 às 13h30, mais de 100 participantes e instituições que atuam com os olhos voltados para o desenvolvimento humano, conversaram e refletiram junto aos especialistas convidados sobre os conceitos biológico e antropológico relacionados com a vida embrionária, e sobre os dilemas da reprodução assistida.
A programação trouxe duas exposições. Uma delas com o Pe. José Rafael Solano, doutor em Teologia Moral, especialista em Bioética, professor da PUCPR (Campus Londrina) e assessor de Bioética do Regional Sul II da CNBB, que tratou do tema “Início da vida e dignidade do embrião humano”; e a outra com o professor Mário Antônio Sanches, doutor em Bioética e Teologia, mestre em Antropologia Social e coordenador do Mestrado em Bioética da PUCPR, que falou sobre “Bioética e reprodução assistida”, com a proposta de contextualizar o surgimento e evolução das técnicas de reprodução assistida em diálogo com a Bioética. 
Mário Sanches defendeu em sua palestra que a informação sobre o tema deve ser apresentada de maneira transparente e objetiva. “Os casais que buscam a reprodução assistida têm que ser conscientizados sobre todos os problemas inerentes à técnica. A decisão não pode ser tomada sem que se tenha a plenitude de informação”, aponta Sanches. “Um exemplo é a possibilidade de sobra de embriões fertilizados, que ficarão no laboratório. E se o casal alegar motivos de consciência para não aceitar essa possibilidade? Eles precisam saber desse risco”, destaca.
Para o padre José Rafael Solano, além do conceito biológico do embrião, deve ser levado em conta o antropológico. “O embrião possui a vocação à vida. O conceito de pessoa humana é mal compreendido e, por isso, temos na Bioética espaço para que todas as correntes discutam e avancem no estudo da vida”, disse.   
Durante o seminário ocorreu também o lançamento do livro “Bioética e Reprodução Assistida - Metaparentalidade”, escrito pelo palestrante do evento Mário Antônio Sanches. Na obra, ele trata de paternidade e maternidade, colocando em discussão o ato de ter filhos, que constitui um processo natural, privado e indefinido. Porém, com o surgimento das novas tecnologias de reprodução humana a realidade foi transformada. Para saber mais sobre o tema, entre em: http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/blog-da-vida/.
Após as palestras, o seminário foi aberto ao debate com a mediação do Pe. Juarez Lopes Rangel, pós-graduado em Bioética e coordenador do Núcleo de Bioética  da Arquidiocese de Curitiba.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Planejamento Estratégico da Paróquia será apresentado em Natal/RN


Entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro, o Pároco Pe. Nilton César Boni, cmf, e a Coordenadora da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Paróquia Imaculado Coração de Maria, Reiní Dantas Leal, juntamente com o diretor da Dominus Comunicação, Jean Ricardo, participarão do 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação – Muticom, em Natal, RN, onde será apresentado o case do planejamento Estratégico de Pastoral Paroquial com o trabalho "Uma nova Paróquia pela Gestão Estratégica Pastoral", desenvolvido desde 2008 pela Dominus Comunicação Integrada.

O que é o Muticom?
Desde 1998, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promove os chamados Mutirões Brasileiros de Comunicação, em continuidade aos Congressos Brasileiros de Comunicação Social, promovidos entre as décadas de 70 e 90 pela União Cristão Brasileira de Comunicação – UCBC. A diferença característica dos Mutirões aos Congressos é seu objetivo específico, voltado a refletir sobre os caminhos e as perspectivas das relações entre a Igreja Católica, a sociedade brasileira e a cultura contemporânea, na área da Comunicação.
O objetivo central do MUTICOM é o de reunir comunicadores, profissionais, pesquisadores, agentes de pastoral e autoridades da Igreja e civil para refletirem sobre a democratização e as políticas de comunicação. Nesse sentido, cada mutirão trabalha com um tema motivador, através de palestras e painéis que desdobram o tema central em busca de refletir e aprofundar os aspectos teóricos e práticas da vivência e das políticas de comunicação na Igreja e sociedade.
Fonte: www.muticom.com.br 

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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Inscrição da Paróquia Imaculado Coração de Maria, para apresentação GTs no 8º MUTICOM

Uma nova Paróquia pela Gestão Estratégica Pastoral

P. Nilton Cesar Boni, cmf; pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria
Jean Ricardo Severino; gestor de planejamento da Dominus Comunicação
Heleno Assis; Coordenador do CPP
Reiní Dantas Leal; Coordenadora da PASCOM

GT Assessoria de Comunicação e promoção de eventos
Palavras-chaves: Planejamento estratégico, nova evangelização, comunicação


Iniciativa

No novo panorama pastoral apresentado no Documento de Aparecida os bispos indicam que “a Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Ela não pode fechar-se em face daqueles que só veem confusão, perigos e ameaças. Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho em nosso contexto.” (DocAp).
A partir deste conceito, vimos o Planejamento Estratégico Pastoral (PEP) como uma iniciativa de melhor organizar e motivar a vivência pastoral da Paróquia Imaculado Coração de Maria, Rebouças, Curitiba/PR, em meio aos inúmeros desafios no contexto geográfico e cultural em que se encontra.
Através de uma pesquisa qualitativa e quantitativa foram mapeados os diversos públicos da Paróquia, observando seu tipo de relacionamento e nível de dependência com a instituição, o objetivo da organização, os resultados esperados e as expectativas destes perante a Paróquia.
Após mapear os públicos e os fatores de influência e relacionamento, partiu-se para a análise detalhada dos resultados apurados nas pesquisas de documentos, em dados tabulados dos questionários aplicados e observações feitas nas conversas informais.
Como consequência deste trabalho, foi elaborado o diagnóstico organizacional da instituição, onde se identificou as novas circunstâncias que ameaçam o crescimento evangelizador, a fim de encontrar mecanismos para a renovação e revitalização do anúncio do Evangelho no contexto atual.
Em outra etapa foi possível estabelecer os objetivos, estratégias, metas, programas e projetos para o Plano Estratégico Pastoral.
Os resultados das ações propostas foram mensurados através dos instrumentos de avaliação e controle, estabelecidos dentro das características individuais de cada projeto e plano de ação das Pastorais e Movimentos.
Todo o processo descrito acima é fruto de um trabalho em conjunto, desenvolvido em comum acordo, através da contratação de uma empresa especializada – Dominus Agência de Comunicação Integrada (Florianópolis/SC) – e as lideranças pastorais da Paróquia Imaculado Coração de Maria.
O papel da Dominus na Instituição foi acompanhar e direcionar o processo de planejamento e sua instrumentalização durante o período de execução. Já as lideranças pastorais foram os personagens principais do processo, uma vez que apresentaram os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades da realidade pastoral, lançando sobre estes fatores, um olhar empreendedor em vista da evangelização.

Cenário

Em meados de 2008, verificamos que a Paróquia do Imaculado Coração de Maria encontrava-se como uma comunidade estruturada física e financeiramente, com apenas duas pastorais em funcionamento e alguns movimentos. Havia poucas lideranças e a grande maioria estava vivendo numa espécie de “zona de conforto” e comodismo pastoral. As pessoas tinham uma visão de que o bairro era comercial e que não tinha muitas pessoas residindo.
Era quase nula a integração entre os grupos pastorais, a ponto de as lideranças não se conhecerem. Cada um vivia no seu mundo, em torno de seu carisma, participavam apenas de seus interesses. Nas apresentações paroquiais era comum cada um defender o seu partido e exaltar seu movimento.
Em 2009 surgiu a possibilidade de darmos um salto qualitativo em nosso apostolado. Providencialmente, Deus nos enviou uma empresa de comunicação para nos assessorar através do Planejamento Pastoral, algo que a Igreja Particular vinha pedindo e, também, a Congregação Missionária dos Padres Claretianos já demonstravam apoio.
Foi lançado então o desafio da elaboração de um Planejamento Estratégico de Pastoral dentro dos moldes da gestão estratégica. Foi sem dúvida uma grande ideia e o início de um novo tempo. Apresentamos a proposta ao Conselho de Pastoral Paroquial (CPP) e ao Conselho Administrativo Econômico Paroquial (CAEP) que aprovaram e, em seguida, começamos nosso trabalho.

Desenvolvimento e Resultados

O Planejamento aconteceu de forma sistemática com todas as lideranças da Paróquia envolvidas até então. Sem dúvida, que o novo sempre traz insegurança, porém, resolvemos apostar na renovação com base no Documento de Aparecida que deu muita ênfase a esta realidade.
Acertadas as questões jurídicas com a Arquidiocese, começamos então as reuniões para conhecer nossa realidade.
A Dominus se instalou na Paróquia e mapeou detalhadamente toda a nossa real situação. Detectou junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Prefeitura a ambientação estrutural do bairro, fez o levantamento das fragilidades e forças paroquiais, das ameaças e oportunidades, traçou a missão, visão, valores e elaborou os programas específicos para cada particularidade. Deu-se à Paróquia um novo dinamismo e nos permitiu reestruturar e resgatar a importância de nossa história na Arquidiocese de Curitiba.
O levantamento feito constatou uma realidade enfraquecida em termos de pastoral, uma Igreja de manutenção, sem projeção que aos poucos foi deixando de lado seu carisma missionário. Neste sentido o Planejamento nos trouxe um novo vigor e muitas conquistas, como citamos abaixo:
a)    Criação de novas pastorais – antes havia apenas duas e com o Planejamento Estratégico Paroquial (PEP) criamos, em um ano, cinco novas pastorais trazendo para a comunidade novos participantes que ainda não estavam inseridos na dinâmica pastoral. Esses grupos foram estruturados e articulados por meio de um Plano de Ação avaliado e renovado anualmente.
b)    Empenho missionário – o PEP trouxe uma nova metodologia em termos de missionariedade. Antes não havia nenhuma atividade fora do ambiente paroquial, então nós criamos a Semana da Evangelização com o objetivo de favorecer a evangelização além dos muros da igreja, com uma ação concreta de ir ao encontro do povo nas praças, nas ruas, nos hospitais, escolas, famílias e em todos os lugares que atuamos. Foi um verdadeiro testemunho evangelizador. Isto tem acontecido todos os anos e tem dado resultados positivos. Vale ressaltar o contínuo trabalho de algumas pastorais que mantém atividades extramuros constantemente como o Catecumenato que sempre traz novos membros para a Paróquia, a Pastoral dos Enfermos que se dedica aos doentes nas casas e hospitais, a Pastoral do Batismo que forma pais e padrinhos nas residências a Catequese que promove a formação da família.
c)    Formação e Espiritualidade – estruturamos novos momentos de formação como a Escola da Fé, noites de formação com temas específicos, tardes da partilha pastoral, promoção de cursos de liturgia para leitores. No campo da espiritualidade investimos na Pastoral Litúrgica, iniciamos a rezar a Hora Santa Eucarística para as lideranças, temos o terço na praça, o terço missionário da catequese e o terço dos homens, a Novena dos pais que oram pelos filhos e as Celebrações Eucarísticas, que acontecem diariamente.
d)    Conselho de Pastoral Paroquial – fortalecemos o CPP que passou a ser o centro de toda a integração pastoral e o lugar onde se reflete sobre a comunidade. Implantamos, ainda, um momento de formação, a partir de um Manual desenvolvido pela Dominus, visando abordar os temas do PEP. Isto deu credibilidade aos trabalhos da Equipe de Planejamento e fez com que a comunidade caminhasse na mesma direção. Hoje as lideranças estão integradas e se sentem parte da mesma família. Tratamos a Paróquia como um todo sem paralelismos de movimentos e pastorais.
e)    Comunicação – investimos na Pastoral da Comunicação (Pascom). O PEP sentiu a necessidade de criar esta pastoral que por sua vez responde aos desafios da Paróquia. A Pascom está fazendo uma verdadeira revolução na comunidade por meio do site, redes sociais, informativo, e-mails, newsletter, blog, revista, repassando informações, produzindo matérias e participando dos eventos paroquiais. Está favorecendo a comunicação e comunhão entre todos e entre as demais paróquias da Arquidiocese. A Pascom é fundamental para o Planejamento Pastoral favorecendo, principalmente, a unidade.
f)     Família e Juventude – esta continua por ser nossa prioridade para os anos que seguem. Nesta área destacamos o trabalho desenvolvido pela catequese e os movimentos ligados à família, como a Renovação Carismática Católica, que vem contribuindo fortemente. Já em relação aos jovens, a partir da motivação para a Jornada Mundial da Juventude, a criação de um grupo paroquial têm dado um precioso testemunho de inserção e compromisso. Já conquistaram seu espaço e estão despertando para fazer da Paróquia um lugar de encontro e fé. Os jovens estão inseridos em várias pastorais e têm promovido muitas atividades.
g)    Dimensão financeira e social – com a criação da Pastoral do Dízimo e dos plantões mensais estamos crescendo na arrecadação e conscientizando a comunidade de que todos os cristãos devem manter a casa de Deus. Por meio do dízimo estamos ajudando outras comunidades carentes e promovendo a Ação Social Paroquial. Além disso, a Pastoral do Dízimo contribui para a conscientização no processo de ser Igreja participação e comunhão.

Conclusão

É importante ressaltar que foi um grande desafio este trabalho de renovação. As pastorais que abraçaram o Planejamento Estratégico Paroquial (PEP) estão crescendo cada vez mais e atraindo novos participantes, mas as que não se envolveram ainda sentem muita dificuldade diante dos desafios.
Atualmente foi renovada a parceria com a Agência Dominus que segue com a assessoria no Planejamento Estratégico na Paróquia até 2015.
Consideramos importante que o pároco esteja aberto a este processo de renovação pastoral tendo como grande objetivo anunciar a Jesus Cristo. E, para isso, o PEP deve estar centrado n’Ele, buscando a força do Ressuscitado para ser Igreja.
São inúmeras as conquistas e as graças alcançadas. De uma paróquia estacionada, passiva, passamos a uma comunidade viva. A Arquidiocese tem nos incentivado nesta tarefa e com isto estamos resgatando nossa identidade. Vale a pena investir no novo e ser sinal de Cristo entre os povos.
A Paróquia é o grande espaço de evangelização, uma comunidade de comunidades. Ainda temos muito que caminhar, mas com fé renovada em Cristo e no Coração de Maria chegaremos ao ideal.

Referências Bibliográficas

V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, Aparecida, 13-31 de maio de 2007, documento final.



O Papa emérito responde ao matemático italiano Piergiorgio Odifreddi

Roma, 24 de Setembro de 2013 (Zenit.org) Rocio Lancho García 

O matemático italiano Piergiorgio Odifreddi recebeu uma carta muito especial no último dia 3 de setembro: no envelope selado, onze páginas com data de 30 de agosto se encerravam com a assinatura de Bento XVI.

O papa emérito respondia ao livro “Caro papa, ti scrivo” [“Querido papa, escrevo a você”, ndr; Edições Mondadori, 2011], livro de Odifreddi que, tal como o próprio autor explica, se apresenta já na capa como uma “luciferina introdução ao ateísmo”. No artigo em que Odifreddi comenta as suas impressões ao receber a carta de Bento XVI, ele afirma que não foi uma coincidência o fato de ter escrito abertamente a Ratzinger. Depois de ler a sua “Introdução ao Cristianismo”, o matemático entendeu que a fé e a doutrina de Bento XVI, diferentemente da de outros, eram suficientemente coerentes e sólidas para que ele conseguisse encarar e rebater ataques frontais.
No fragmento da carta que foi publicado no jornal La Repubblica, o papa emérito relata ter lido algumas partes do livro, apreciando-as e beneficiando-se com o seu conteúdo, mas surpreendendo-se, em outras, com uma certa agressividade e com a superficialidade das argumentações.

No início da carta, Bento XVI escreve: “Você me diz que a teologia seria ‘ficção científica’”. A colocação, o papa emérito responde com quatro pontos.

Em primeiro lugar, Ratzinger observa que "é correto afirmar que 'ciência', no sentido mais estrito da palavra, são somente as ciências matemáticas, e você ensina que seria necessário distinguir ainda entre aritmética e geometria. Em todas as matérias específicas, a ciência tem uma forma própria, conforme a particularidade do seu objeto. O essencial é que ela aplique um método verificável, exclua a arbitrariedade e garanta a racionalidade nas respectivas modalidades".

Em segundo lugar, Bento XVI sustenta que "você deveria ao menos reconhecer que, no âmbito histórico e no do pensamento filosófico, a teologia produziu resultados duradouros".

Como terceiro aspecto, ele afirma que "uma função importante da teologia é a de manter a religião unida à razão e a razão à religião. Ambas as funções são de essencial importância para a humanidade". Neste ponto, o papa emérito recorda que, em seu diálogo com Habermas, "mostrei que existem patologias da religião e, não menos perigosas, patologias da razão. Ambas necessitam uma da outra, e mantê-las continuamente conectadas é uma tarefa importante da teologia".

No último ponto, muito mais extenso que os anteriores, Bento XVI avalia que "a 'ficção científica' existe também no seio de muitas ciências", e, a propósito, faz referência às teorias que Odifreddi expõe sobre o início e o fim do mundo em Heisenberg e Schrödinger, que "os desenharia como 'ficção científica' no bom sentido: visões e antecipações para se atingir um verdadeiro conhecimento, mas que são, de fato, apenas imaginações com as quais tentamos nos aproximar da realidade".

Depois de desenvolver estas ideias, o papa emérito se concentra no capítulo sobre o sacerdote e sobre a moral católica, bem como nos diversos capítulos sobre Jesus. "No tocante ao que você fala sobre o abuso moral de menores por parte de sacerdotes, eu posso, como você sabe, constatá-lo apenas com profunda consternação. Nunca procurei mascarar esses fatos. Que o poder do mal penetre a tal ponto no mundo interior da fé é para nós um sofrimento que, por um lado, temos de suportar, e, por outro, fazer todo o possível para que esses casos não se repitam”.

“Tampouco é motivo de tranquilidade saber, com base nas pesquisas dos sociólogos, que a porcentagem de sacerdotes culpáveis desses crimes não é mais alta do que a porcentagem existente em categorias profissionais similares. Em todo caso, este desvio não deveria ser apresentado ostentosamente como se fosse uma mancha específica do catolicismo. Se não é lícito silenciar o mal que existe na Igreja, não se deve, tampouco, silenciar o grande caminho luminoso de bondade e de pureza que a fé cristã traçou ao longo dos séculos". Bento XVI recorda nomes como São Bento e sua irmã Santa Escolástica, São Francisco e Santa Clara de Assis, Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz.

Quanto àquilo que o matemático diz sobre a figura histórica de Jesus, Ratzinger recomenda ao autor os quatro volumes que Martin Hengel publicou junto com Maria Schwemer, "um exemplo excelente de precisão histórica e de amplíssima informação histórica". Bento XVI recorda ainda, como já havia esclarecido no primeiro volume do seu livro sobre Jesus de Nazaré, que "a exegese histórico-crítica é necessária para uma fé que não propõe mitos com imagens históricas, mas que reclama uma historicidade verdadeira e, por isso, tem de apresentar a realidade histórica das suas afirmações também de forma científica".

Prossegue o papa emérito afirmando que "se você, porém, quer substituir Deus por ‘A Natureza’, resta a pergunta sobre quem ou que é essa natureza. Em nenhum momento você a define. Ela aparece, assim, como uma divindade irracional que não explica nada. Eu gostaria, por isso, de destacar em especial que na sua religião da matemática existem três temas fundamentais da existência humana que permanecem desconsiderados: a liberdade, o amor e o mal. (...) Qualquer coisa que a neurobiologia possa dizer sobre a liberdade no drama real da nossa história está presente como realidade determinante e deve ser levada em consideração".

Na última parte publicada da carta, Bento XVI ressalta: “A minha crítica sobre o seu livro, em parte, é dura. Mas do diálogo faz parte a franqueza; só assim pode crescer o conhecimento".