Por
Reiní Dantas Leal, Coord. Pascom Paróquia.
Crédito fotos Daniela Starck.
A
Pastoral da Comunicação (PASCOM) entrevista o professor Edgar Serrato, Tutor
responsável pelo Museu Claretiano de Curitiba (MCC), localizado no Piso Subsolo
do Studium Theologicum, Paróquia Imaculado Coração de Maria, Av. Getúlio
Vargas, 1193, Rebouças.
O
Museu foi inaugurado em 16 de outubro de 2011, mas na primeira metade do Século
XX surgiu a criação da “Sala da Memória Claretiana”, onde reunia alguns objetos
da História da congregação do Imaculado Coração de Maria e da irmandade dos
missionários Claretianos, além de verdadeiras relíquias de seu fundador, Santo
Antonio Maria Claret. Hoje, considera que todo esse trabalho é de fundamental
importância para a preservação da história da nossa Igreja e da Congregação
Claretiana em nossa cidade.
Edgar
B. F. Serratto que é professor do Centro Universitário Claretiano - Pólo de
Curitiba, graduado em História pela Universidade Tuiuti do Paraná (2005) e
Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (2008), concedeu
entrevista para falar um pouco mais sobre o Museu. Confiram:
Entrevista: Conheçam a História do Museu
Claretiano de Curitiba
Prof. Edgar Serrato, Tutor
responsável pelo Projeto Científico MCC
Crédito:
Reiní Dantas Leal, Pascom Paroquial
Pascom: Quem foi o idealizador e
fundador do Museu Claretiano?
Edgar: O Museu Claretiano de Curitiba
(MCC) surgiu da reestruturação da antiga Sala da Memória Claretiana. O início
desta empreitada aconteceu por intermédio do Padre Marcos Loro e de um grupo de
alunos do curso de Licenciatura em história, que em 2010, após as reformas do
prédio para o atendimento da faculdade, passaram a organizar os acervos no
espaço que abrigaria o museu. O início deste trabalho foi tutorado pelo acadêmico
Arthur Carlos Mohr. Neste momento fui integrado ao grupo para redigir um
projeto para esta reestruturação. Contamos neste processo com a ajuda e
colaboração do Studium Theologicum, do EAD Claretiano, de vários seminaristas,
padres da paróquia de Curitiba e, sobretudo, dos já referidos alunos do curso
de história.
Pascom: Quem foi Santo Antônio Maria
Claret?
Edgar: Santo Antonio Maria Claret,
fundador da Congregação Claretiana, nasceu em uma pequena cidade da província
de Barcelona na Espanha, em 1807. Ordenado sacerdote no ano de 1835, aos 27
anos, Padre Claret foi nomeado Vigário paroquial de sua cidade natal, Sallent.
Pensando em sua vocação, imaginou que deveria dedicar-se à vida missionária,
por isso viajou a Roma com a intenção de oferecer-se para ser missionário em
qualquer lugar do mundo. Em julho de 1841, com 33 anos, recebeu o título de
“Missionário Apostólico”, que lhe permitiu dedicar-se à pregação das missões
populares em toda a região da Catalunha. Fruto dessa atividade, com o fim de
ampliar sua obra evangelizadora, realizou a fundação da Congregação dos
Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, hoje conhecida como
Congregação dos Missionários Claretianos. Esta foi no dia 16 de julho de 1849,
com a companhia de mais cinco sacerdotes em uma sala do seminário de Vic. No
mesmo ano da fundação, entretanto, foi surpreendido pela notícia de sua
nomeação para arcebispo da diocese de Santiago em Cuba. A partir deste momento
adicionou ao seu nome o de “Maria”, devido ao seu grande amor para com a
Virgem, presente desde a sua infância. Sete anos depois, recebeu a nomeação de
confessor da Rainha Isabel II, cargo que desempenharia com grande dignidade e
muitos sofrimentos. Foi Beatificado em 1934 pelo Papa Pio XI, e canonizado no
Ano Santo de 1950 por Pio XII.
Pascom: Quem foi Pe. Penalva e qual a
sua importância para o Museu Claretiano?
Edgar: José Penalva é nascido em
Campinas, São Paulo, em 1924, sua mãe era pianista e seu pai tocava violão.
Iniciou seu estudos musicais já com quatro anos de idade, ainda em casa, com a
rígida orientação de sua mãe. De uma família muito religiosa, desde cedo
frequentava a igreja claretiana de Campinas. Em 1935 ingressou no Colégio
Claret em Rio Claro, onde deu continuidade a sua formação musical. Em função da
transferência do padre responsável pelo coral da igreja de Rio Claro, que
Penalva, com apenas 14 anos, assumiu a regência do coro, em claro
reconhecimento ao talento do jovem prodígio. Já em 1942, veio para Curitiba
onde completou seus estudos religiosos no Seminário Maior, porém, somente se
fixou definitivamente na cidade em 1958. Como docente no Studium Teologicum em
Curitiba, dedicou-se aos estudos em introdução e fundamentos da teologia, o que
gerou a publicação de vários livros e apostilas de destaque em função de suas
diferentes concepções didáticas. Contribuindo, também, de forma destacada para a
vida musical e cultural da cidade, ajudou a organizar importantes festivais,
como os Festivais Internacionais de Curitiba, que marcaram época na vida
cultural da cidade. Foi o fundador da Sociedade Pró-Música de Curitiba, da
Sociedade Brasileira de Musicologia, além de ser membro da Academia Brasileira
de Música. Regente do grupo Madrigal Vocale, de reconhecido importância
nacional deu amplo destaque a música paranaense e, sobretudo, brasileira.
Morreu em Curitiba em 2002. Sua importância para o MCC esta no fato de que
parte significativa de nosso acervo faz referencia a ele.
Pascom: Qual a importância do Museu
para a Paróquia Imaculado Coração de Maria?
Edgar: Toda história e memória da
paróquia é contada e divulgada pelo MCC, seja na exposição museológica ou por
meio das pesquisas desenvolvidas frente à documentação integrante do acervo. A
construção da igreja, sua relação com a sociedade curitibana, seus integrantes
ilustres, entre outros temas, são contemplados nos acervos e pesquisas
realizados pelo MCC, que tem por principal intuito preservar e divulgar esta
história e memória.
Pascom: Atualmente, a quem pertence o
Museu e quem dá apoio para sua manutenção e conservação?
Edgar: Um museu não pode ter um “dono”,
afinal todos que participaram do percurso histórico dos claretianos em Curitiba
“possuem” um pouco deste museu. Porém, legalmente, quem mantém financeiramente
o MCC é o EAD Claretiano, por meio do Programa de Iniciação Científica da
Instituição, bem como o Studium Theologicum de Curitiba.
Pascom: Quantas peças fazem parte do
acervo do Museu? Qual a peça mais valiosa e por quê?
Edgar: Quando da inauguração da Sala da
Memória Claretiana, os inventários apontavam para cerca de 1078 fotografias, 37
plantas arquitetônicas, 249 livros, 683 partituras, 317 discos de vinil e 2012
objetos religiosos. Porém, com a reestruturação do espaço em museu, vários
novos acervos nos foram destinados e ainda estão em processo de catalogação,
logo é difícil precisar um número exato. Como destaque individual temos duas
relíquias ligadas diretamente a Santo Antônio Maria Claret e, como conjunto, o
acervo referente ao Padre José de Almeida Penalva.
Pascom: As peças existentes são de arte
sacra ou religiosa? Qual a diferença entre arte sacra e arte religiosa?
Edgar: Na verdade temos aqui um museu
histórico, o qual busca a divulgação e preservação da memória e história da
Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (os
claretianos), da Paróquia do Imaculado Coração de Maria e de personagens
ilustres, como o Padre José Penalva , o Padre Moure, entre outros. Se pensarmos
por este viés, tratamos tais acervos como arte sacra, uma vez que se relacionam
a temática religiosa, mas não são de fato utilizados para seus fins originais.
Pascom: Como e onde é feita a
restauração das peças do Museu?
Edgar: Temos em anexo ao próprio MCC um
pequeno laboratório no qual fazemos este tipo de trabalho, sobretudo o voltado
ao papel, já que a maior parte de nosso acervo é de documentos em papel. O destaque nesta área fica a cargo da
pesquisadora colaboradora Daniela Dias do Nascimento, que é responsável por
esta parte no projeto, desenvolvendo um excelente trabalho.
Pascom: Qual a perspectiva de
crescimento e divulgação do Museu para os próximos anos?
Edgar: Dar continuidade ao projeto, uma
vez que, além do museu, estamos trabalhando para a criação e abertura ao
público de um centro de referência documental pertinente aos temas já expostos.
Este trabalho ainda levará alguns anos. De qualquer forma, também contamos com
a manutenção do espaço museológico que esta em constante atualização visando
ser atrativo a todo tipo de público, sobretudo, para os visitantes rotineiros
que sempre terão novidades para apreciar na exposição.
Pascom: O que representa para você, ser
o responsável pelas obras do Museu?
Edgar: Como eu sempre costumo brincar,
“estou em parque de diversões”, afinal para um historiador estar cercado de
fontes primarias de pesquisa em um acervo tão plural em suportes é algo muito
especial. Estou também aprendendo muito com esta experiência e dando
continuidade as pesquisas nesta área da museologia, que já havia iniciado
quando trabalhei junto ao Museu do Expedicionário aqui de Curitiba. Outro ponto
a ser destacado são as possibilidades pedagógicas que este espaço proporciona
para os graduandos do curso de história do Claretiano, que podem entender
melhor as formas como o conhecimento é construído por meio do trato das fontes
de pesquisa. Este com certeza é um grande diferencial para nossos graduandos.
Pascom: Deixe sua mensagem para a
comunidade paroquial.
Edgar: Convido a todos para fazer uma
visita ao MCC e conhecer um pouco mais da história e memória da congregação e
da própria Curitiba. Estamos abertos de segunda a sexta das 9h00 às 16h00.
Fotos: