sábado, 20 de outubro de 2012

Você conhece o Museu Claretiano de Curitiba (MCC)?


Por Reiní Dantas Leal, Coord. Pascom Paróquia.
Crédito fotos Daniela Starck.





A Pastoral da Comunicação (PASCOM) entrevista o professor Edgar Serrato, Tutor responsável pelo Museu Claretiano de Curitiba (MCC), localizado no Piso Subsolo do Studium Theologicum, Paróquia Imaculado Coração de Maria, Av. Getúlio Vargas, 1193, Rebouças.
O Museu foi inaugurado em 16 de outubro de 2011, mas na primeira metade do Século XX surgiu a criação da “Sala da Memória Claretiana”, onde reunia alguns objetos da História da congregação do Imaculado Coração de Maria e da irmandade dos missionários Claretianos, além de verdadeiras relíquias de seu fundador, Santo Antonio Maria Claret. Hoje, considera que todo esse trabalho é de fundamental importância para a preservação da história da nossa Igreja e da Congregação Claretiana em nossa cidade.
Edgar B. F. Serratto que é professor do Centro Universitário Claretiano - Pólo de Curitiba, graduado em História pela Universidade Tuiuti do Paraná (2005) e Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (2008), concedeu entrevista para falar um pouco mais sobre o Museu. Confiram:

Entrevista: Conheçam a História do Museu Claretiano de Curitiba

  Prof. Edgar Serrato, Tutor responsável pelo Projeto Científico MCC
                                                                        Crédito: Reiní Dantas Leal, Pascom Paroquial


Pascom: Quem foi o idealizador e fundador do Museu Claretiano?
Edgar: O Museu Claretiano de Curitiba (MCC) surgiu da reestruturação da antiga Sala da Memória Claretiana. O início desta empreitada aconteceu por intermédio do Padre Marcos Loro e de um grupo de alunos do curso de Licenciatura em história, que em 2010, após as reformas do prédio para o atendimento da faculdade, passaram a organizar os acervos no espaço que abrigaria o museu. O início deste trabalho foi tutorado pelo acadêmico Arthur Carlos Mohr. Neste momento fui integrado ao grupo para redigir um projeto para esta reestruturação. Contamos neste processo com a ajuda e colaboração do Studium Theologicum, do EAD Claretiano, de vários seminaristas, padres da paróquia de Curitiba e, sobretudo, dos já referidos alunos do curso de história.

Pascom: Quem foi Santo Antônio Maria Claret?
Edgar: Santo Antonio Maria Claret, fundador da Congregação Claretiana, nasceu em uma pequena cidade da província de Barcelona na Espanha, em 1807. Ordenado sacerdote no ano de 1835, aos 27 anos, Padre Claret foi nomeado Vigário paroquial de sua cidade natal, Sallent. Pensando em sua vocação, imaginou que deveria dedicar-se à vida missionária, por isso viajou a Roma com a intenção de oferecer-se para ser missionário em qualquer lugar do mundo. Em julho de 1841, com 33 anos, recebeu o título de “Missionário Apostólico”, que lhe permitiu dedicar-se à pregação das missões populares em toda a região da Catalunha. Fruto dessa atividade, com o fim de ampliar sua obra evangelizadora, realizou a fundação da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, hoje conhecida como Congregação dos Missionários Claretianos. Esta foi no dia 16 de julho de 1849, com a companhia de mais cinco sacerdotes em uma sala do seminário de Vic. No mesmo ano da fundação, entretanto, foi surpreendido pela notícia de sua nomeação para arcebispo da diocese de Santiago em Cuba. A partir deste momento adicionou ao seu nome o de “Maria”, devido ao seu grande amor para com a Virgem, presente desde a sua infância. Sete anos depois, recebeu a nomeação de confessor da Rainha Isabel II, cargo que desempenharia com grande dignidade e muitos sofrimentos. Foi Beatificado em 1934 pelo Papa Pio XI, e canonizado no Ano Santo de 1950 por Pio XII.
           
Pascom: Quem foi Pe. Penalva e qual a sua importância para o Museu Claretiano?
Edgar: José Penalva é nascido em Campinas, São Paulo, em 1924, sua mãe era pianista e seu pai tocava violão. Iniciou seu estudos musicais já com quatro anos de idade, ainda em casa, com a rígida orientação de sua mãe. De uma família muito religiosa, desde cedo frequentava a igreja claretiana de Campinas. Em 1935 ingressou no Colégio Claret em Rio Claro, onde deu continuidade a sua formação musical. Em função da transferência do padre responsável pelo coral da igreja de Rio Claro, que Penalva, com apenas 14 anos, assumiu a regência do coro, em claro reconhecimento ao talento do jovem prodígio. Já em 1942, veio para Curitiba onde completou seus estudos religiosos no Seminário Maior, porém, somente se fixou definitivamente na cidade em 1958. Como docente no Studium Teologicum em Curitiba, dedicou-se aos estudos em introdução e fundamentos da teologia, o que gerou a publicação de vários livros e apostilas de destaque em função de suas diferentes concepções didáticas. Contribuindo, também, de forma destacada para a vida musical e cultural da cidade, ajudou a organizar importantes festivais, como os Festivais Internacionais de Curitiba, que marcaram época na vida cultural da cidade. Foi o fundador da Sociedade Pró-Música de Curitiba, da Sociedade Brasileira de Musicologia, além de ser membro da Academia Brasileira de Música. Regente do grupo Madrigal Vocale, de reconhecido importância nacional deu amplo destaque a música paranaense e, sobretudo, brasileira. Morreu em Curitiba em 2002. Sua importância para o MCC esta no fato de que parte significativa de nosso acervo faz referencia a ele.

Pascom: Qual a importância do Museu para a Paróquia Imaculado Coração de Maria?
Edgar: Toda história e memória da paróquia é contada e divulgada pelo MCC, seja na exposição museológica ou por meio das pesquisas desenvolvidas frente à documentação integrante do acervo. A construção da igreja, sua relação com a sociedade curitibana, seus integrantes ilustres, entre outros temas, são contemplados nos acervos e pesquisas realizados pelo MCC, que tem por principal intuito preservar e divulgar esta história e memória.

Pascom: Atualmente, a quem pertence o Museu e quem dá apoio para sua manutenção e conservação?
Edgar: Um museu não pode ter um “dono”, afinal todos que participaram do percurso histórico dos claretianos em Curitiba “possuem” um pouco deste museu. Porém, legalmente, quem mantém financeiramente o MCC é o EAD Claretiano, por meio do Programa de Iniciação Científica da Instituição, bem como o Studium Theologicum de Curitiba.

Pascom: Quantas peças fazem parte do acervo do Museu? Qual a peça mais valiosa e por quê?
Edgar: Quando da inauguração da Sala da Memória Claretiana, os inventários apontavam para cerca de 1078 fotografias, 37 plantas arquitetônicas, 249 livros, 683 partituras, 317 discos de vinil e 2012 objetos religiosos. Porém, com a reestruturação do espaço em museu, vários novos acervos nos foram destinados e ainda estão em processo de catalogação, logo é difícil precisar um número exato. Como destaque individual temos duas relíquias ligadas diretamente a Santo Antônio Maria Claret e, como conjunto, o acervo referente ao Padre José de Almeida Penalva.

Pascom: As peças existentes são de arte sacra ou religiosa? Qual a diferença entre arte sacra e arte religiosa?
Edgar: Na verdade temos aqui um museu histórico, o qual busca a divulgação e preservação da memória e história da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (os claretianos), da Paróquia do Imaculado Coração de Maria e de personagens ilustres, como o Padre José Penalva , o Padre Moure, entre outros. Se pensarmos por este viés, tratamos tais acervos como arte sacra, uma vez que se relacionam a temática religiosa, mas não são de fato utilizados para seus fins originais.

Pascom: Como e onde é feita a restauração das peças do Museu?
Edgar: Temos em anexo ao próprio MCC um pequeno laboratório no qual fazemos este tipo de trabalho, sobretudo o voltado ao papel, já que a maior parte de nosso acervo é de documentos em papel.  O destaque nesta área fica a cargo da pesquisadora colaboradora Daniela Dias do Nascimento, que é responsável por esta parte no projeto, desenvolvendo um excelente trabalho.

Pascom: Qual a perspectiva de crescimento e divulgação do Museu para os próximos anos?
Edgar: Dar continuidade ao projeto, uma vez que, além do museu, estamos trabalhando para a criação e abertura ao público de um centro de referência documental pertinente aos temas já expostos. Este trabalho ainda levará alguns anos. De qualquer forma, também contamos com a manutenção do espaço museológico que esta em constante atualização visando ser atrativo a todo tipo de público, sobretudo, para os visitantes rotineiros que sempre terão novidades para apreciar na exposição.

Pascom: O que representa para você, ser o responsável pelas obras do Museu?
Edgar: Como eu sempre costumo brincar, “estou em parque de diversões”, afinal para um historiador estar cercado de fontes primarias de pesquisa em um acervo tão plural em suportes é algo muito especial. Estou também aprendendo muito com esta experiência e dando continuidade as pesquisas nesta área da museologia, que já havia iniciado quando trabalhei junto ao Museu do Expedicionário aqui de Curitiba. Outro ponto a ser destacado são as possibilidades pedagógicas que este espaço proporciona para os graduandos do curso de história do Claretiano, que podem entender melhor as formas como o conhecimento é construído por meio do trato das fontes de pesquisa. Este com certeza é um grande diferencial para nossos graduandos.

Pascom: Deixe sua mensagem para a comunidade paroquial.
Edgar: Convido a todos para fazer uma visita ao MCC e conhecer um pouco mais da história e memória da congregação e da própria Curitiba. Estamos abertos de segunda a sexta das 9h00 às 16h00.

Fotos: 




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